Faltam fraldas e medicamentos para os PCDs em Palmas

Por Catarina Pereira

*Estagiária do Nujor

As dificuldades das pessoas (PcDs) e das famílias no dia a dia vão muito além da mobilidade física. Em Palmas, a falta de acessibilidade nos ônibus e a precariedade das rampas para cadeirantes no transporte público se somam à falta de fraldas descartáveis e medicamentos nas Unidades de Saúde da Família (USF).

A história de Aranha, eletricista e PcD, exemplifica essa realidade. Há dois anos, após um acidente que o deixou sem movimento da cintura para baixo, Aranha convive com o preconceito e algumas pessoas e o descaso dos órgãos públicos.

“Esses ônibus são uma porcaria. Das vezes que utilizei o serviço, é sempre a mesma coisa. Já houve situações em que o motorista teve que chamar outros passageiros para me ajudar a entrar no ônibus, porque a rampa não subiu”, desabafa.

Imagem captada pelo celular de Catarina Pereira

Vídeo mostra a dificuldade de Aranha, um jovem rapaz cadeirante na tentativa de pegar um ônibus

Esses inconvenientes constrangedores são comuns nas vidas das PcDs. Aranha relembra que “não tem outra opção, a não ser esperar ajuda, isso embaixo de um sol muito quente, e longe de casa”.

Na rotina dos PcDs em Palmas, há a omissão dos motoristas, “muitos nem param quando ver que sou cadeirante, é sempre uma situação constrangedora demais, a gente se sente impotente.”

O destino de Aranha era sair da estação Apinajé com destino ao Hospital Geral de Palmas, mas além dos problemas de falta de acessibilidade relatados, ele se deparou, também com a precariedade das rampas, e pior anda, ausência de cintos e equipamentos de segurança adequados para cadeiras de rodas.

FALTA TUDO PARA OS PCDS

Como Aranha, Silvana Gomes, mãe de Gustavo Gomes, de 21 anos, enfrenta uma série de desafios diários. Moradora do bairro Taquari, ela lida com a dificuldade de acesso a fraldas descartáveis na Unidade de Saúde da Família, do bairro.

A solução é contar com a ajuda de doações para suprir essa necessidade. “Como a principal provedora do meu filho e com um salário mínimo, essa questão é ainda mais complicada”.

Sem os medicamentos e sem as fraldas descartáveis, que devem ser distribuídas pela rede de Saúde do Estado e do Município, o orçamento das famílias de PcDs de baixa renda fica anda mais comprometido.

“Meus insumos, é tudo eu quem compro. O Estado e o município dão muito pouca coisa. Tenho laudos médicos e já entrei com recurso para conseguir os remédios e as fraldas através da Rede Pública de Saúde, mas até hoje nunca consegui”, lamenta.

FALTA DE ACESSIBILIDADE ATITUDINAL

Além Das dificuldades com a falta de remédios, fraldas descartáveis há ainda o preconceito, o que chamamos de falta de acessibilidade atitudinal. Silvana disse que “uma vez eu e o Gustavo precisamos ir ao neurologista. Esperei três ônibus que não pararam. Quando um finalmente parou, uma mulher jogou uma bolsa na cabeça do meu filho de propósito”.

A atitude dessa pessoa ocorreu porque “eu peguei a bolsa dela que estava no lugar reservado para cadeirantes. Ela tinha colocado a mala e se sentado no fundo do ônibus. Eu tirei a mala dela, coloquei na cadeira no fundo que estava desocupada e coloquei a cadeira de rodas do meu filho no lugar. A mulher passou e bateu a bolsa na cabeça dele.”

A batalha de Silvana continua junto com outras mães de PcDs, que se encontram na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). “Tem muitas mães na APAE que estão sofrendo com o mesmo problema que o meu, falta de fraldas descartáveis nas Unidades de referência. Todos os dias eu vou até a USF do Taquari e a moça me responde que não tem nada, até agora. Desde o tempo da pandemia, em 2020, estamos nessa luta. Tem que tirar do alimento para comprar fraldas”, desabafa Silvana Gomes.

A Secretaria Municipal de Saúde (Semus) respondeu ao e-mail que o CalangoPress encaminhou durante a produção da matéria. Na resposta informa que “as Unidades de Saúde da Família (USFs) estão abastecidas com insumos para os atendimentos e que o fornecimento das fraldas já foi restabelecido. Para adquirir o item, o paciente ou responsável deve procurar a USF de referência com laudo médico solicitando o uso do produto com as especificações de tamanho e quantidade necessária por dia/mês”.

Dessa forma, a coordenação da unidade monta o processo e envia para o centro de logística da Semus que faz a distribuição do material para aquele local. Após esse trâmite, o paciente é avisado para retirada das fraldas.

O Portal CalangoPress continuará monitorando e reportando sobre as questões relacionadas à acessibilidade e inclusão em Palmas.

Confira a íntegra da resposta enviada pela Secretaria Municipal da Saúde:

NOTA

A Secretaria Municipal da Saúde (Semus) informa que as Unidades de Saúde da Família (USFs) estão abastecidas com insumos para os atendimentos e que o fornecimento das fraldas já foi restabelecido. Para aquisição do item, o paciente ou responsável deve procurar a USF de referência com laudo médico solicitando o uso do produto com as especificações de tamanho e quantidade necessária por dia/mês. Dessa forma, a coordenação da unidade monta o processo e envia para o centro de logística da Semus que faz a distribuição do material para aquele local. Após esse trâmite, o paciente é avisado para retirada das fraldas.

Matéria Revisada pela Prof. Maria de Fátima Albuquerque Caracristi

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