Dia Nacional da Luta das Pessoas com Deficiência serviu para ressaltar os grandes obstáculos vividos por estudantes e por familiares de PcDs

Por Catarina Ingridy Pereira

No Brasil a população com deficiência atinge cerca de 16,8 milhões de indivíduos, sendo 9,3% da população do Tocantins, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

As políticas públicas que oferecem inclusão e promovem a acessibilidade são responsáveis pelo avanço nas relações sociais das Pessoas com Deficiência (PcDs) e permitem o protagonismo e a inserção das pessoas PcDs nas universidades e efetivamente no mercado de trabalho, mas isso ainda é muito pouco.

Segundo o IBGE (https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/) a taxa de participação na força de trabalho das pessoas com deficiência foi de 29,2%, os dados são do módulo Pessoas com deficiência, a Pnad Contínua 2022. As pessoas sem deficiência tiveram uma taxa de 66,4%. Quando a relação se estabelece levando em conta o grau de escolaridade, para as pessoas de nível superior a participação é de 54,7% enquanto que as sem deficiência é de 84,2%.

O nível de ocupação das pessoas com deficiência foi de 26,6%, menos da metade do percentual encontrado para as pessoas sem deficiência (60,7%). Cerca de 55,0% das pessoas com deficiência que trabalhavam estavam na informalidade, enquanto para as pessoas ocupadas sem deficiência esse percentual foi de 38,7%. O rendimento médio real recebido pelas pessoas com deficiência foi de R$1.860, enquanto que os sem deficiência foi de R$ 2.690.

A realidade acima faz frente para que cada dia mais Pessoas com Deficiência (PcDS) lutem para diminuir os índices que os colocam em condição de inferioridade em relação às pessoas sem deficiência, por isso os dias 21 de setembro, que foi consagrado como da Luta Nacional da Pessoa com Deficiência e o dia 3 de dezembro, dia internacional da pessoa com deficiência são emblemáticos para dar visibilidade às necessidades de diminuir as desigualdades entre PcDs e não PcDs.

Na Universidade Federal do Tocantins (UFT), 341 estudantes com deficiência estão matriculados, representando 0,23% da população estadual nessa condição, o câmpus de Palmas são 177 ou 51,91% das PcDs da UFT.

Em resposta a esse cenário, o InovaJor – Projeto Institucional de Inovação Pedagógica do curso de Jornalismo da UFT,  promoveu uma mesa redonda para discutir os problemas que atrapalham a permanência das PcDs no ambiente universitário.

A abertura foi feita pela estudante do curso de jornalismo, Poly Ferreira, que é invisual, fazendo estágio na TV SBT Norte, falou das dificuldades que enfrenta todo dia e da falta de inclusão atitudinal das pessoas. O reitor, prof. Dr. Eduardo Bovolato, acompanhou as palestras, e disse da “importância do tema para a UFT, que tem buscado melhorar cada vez mais a permanência dos estudantes PcD na instituição”.

Estudante de Direito Phelipe Mesquita, Reitor Eduardo Bovolato, Poly Oliveira

A mesa redonda contou com a presença da estudante de Direito, militante e ativista da causa dos estudantes PcDs na UFT, Michelle Veras,  depois falaram o Dr. Murilo Costa, Defensor Público Estadual, a Promotora Pública, Isabelle Rocha Valença, a professora da rede municipal, Ana Cecília Reis, especialista em atendimento educacional especializado e a Superintendente da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência do Governo do Tocantins, Rosa Helena Ambrósio, e a com a mediação do Prof. Dr. George França. 

Os participantes eram alunos e professores da UFT, mas na plateia também havia mães, avós e parentes de crianças e jovens PcDs, é o caso de Mônica Costa, que tem uma filha que há dois anos e meio perdeu a visão. Para Mônica há um silenciamento do Estado diante das omissões de educação, saúde para as pessoas jovens em fase escolar no Tocantins.

“Eu anotei as falas de cada um, o reitor falou sobre aprendizado eu também estou aprendendo com ela, também como a Poly eu sofro preconceito, o pai da Caroline não nem contato, já esteve preso por não participar com ajuda financeira, mas continuou sem ajudar e foi solto, além do abandono emocional, desabafou. 

“Eu anotei as falas de cada um, o reitor falou sobre aprendizado eu também estou aprendendo com ela, também como a Poly eu sofro preconceito, o pai da Caroline não nem contato, já esteve preso por não participar com ajuda financeira, mas continuou sem ajudar e foi solto, além do abandono emocional”. Mônica Costa

Mônica ainda falou da falta de apoio para os pais e mães aprenderem a lidar com os filhos,  “não tem existe preparação para os pais, os cursos são apenas para professores, eu preciso aprender para ajudar a minha filha, os pais precisam aprender”, disse. 

A programação para a comemoração deste dia contou também com a participação especial no Centro de Práticas Integrativas Complementares da UFT (CEPIC),que ofereceu terapias integrativas e promoveu reflexão sobre a importância da inclusão e do respeito à pessoa com deficiência.

Revisão da Prof. Maria de Fátima Albuquerque Caracristi

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