APAE DE PALMAS TRABALHA COM DIFICULDADES PARA ATENDER ÀS NECESSIDADES DE CRIANÇAS E JOVENS COM DEFICIÊNCIA

Por Arthur Girão, Kamila Fidel e Danyelle Claro

A APAE é reconhecida internacionalmente como uma referência na área da deficiência intelectual, e é evidente que o trabalho da associação é de extrema importância para a melhoria da qualidade de vida e desenvolvimento de milhares de pessoas com deficiência e suas famílias em todo o país.

Para a APAE continuar fazendo este trabalho com eficiência é necessário investimentos por parte do governo e sociedade, o que não oorre.

Escute a entrevista realizada por Gabrielle Carneiro Guizillin

É preciso olhar de perto para entender as necessidades que cada polo da APAE são mais 2.200 APAE por todo o Brasil atendendo mais de 700 mil pessoas.

Os profissionais que trabalham na APAE oferecem mais qualidade de vida para quem precisa, é ocaso da fisioterapeuta Jesana Regina, que trabalha na APAE de Palmas.

Jesane atende sozinha em torno de 20 crianças, alguns são matriculados e outros não, vão apenas para o atendimento e então é feita análise da necessidade da fisioterapia, da fonoaudiologia, entre outros.

A fisioterapeuta explicou que o trabalho começa com crianças de 0 a 3 anos de idade, e há também o atendimento neurológico com adolescentes e adultos.

 A fisioterapia para os bebês trata da estimulação precoce, que consiste na observância do desenvolvimento do bebê conforme a idade, como a criança sustenta a cabeça, rola, senta e engatinha e na estimulação para auxiliar o desenvolvimento motor. “A gente trabalha para dar uma qualidade de vida melhor às crianças, estimula o desenvolvimento adequado para que adquiram uma certa independência”, disse.

 Jesena menciona que antes da pandemia, a APAE contava com parcerias das universidades, assim, com ajuda de estagiários e professores, mais pessoas eram atendidas. Porém, logo após a pandemia as faculdades fizeram suas próprias clínicas, e o quadro de funcionários foi reduzido.

A profissional também lamenta sobre a falta de alguns materiais para trabalhar com os alunos. “Temos uma sala de Pediasuit que é o método indicado para tratamento de pacientes com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, oriundos de paralisia cerebral ou lesões, mas não tem profissional para atender e a sala não está completa, faltam alguns aparelhos que são caros”.

A falta de equipamentos e de pessoas especializadas é um problema enfretado pela APAE de Palmas. “Se precisar de algum equipamento ou alguma outra coisa a gente pede pra presidente da Associação para ver se ela consegue comprar, ou se tem alguma parceria”, disse.

Com a parceria a APAE conseguiu adquirir a cama ortostática. O equipamento possui regulagem de altura e possibilita a colocação do paciente na posição em pé (posição ortostática ou angulação ortostática desejada para fins terapêuticos), sem que haja necessidade de nenhuma colaboração ativa do paciente.

A cama que está na APAE foi emprestada de uma mãe de uma aluna. Para Jeseane “é uma alegria ver cada passo que a criança vai desenvolvendo, cada vitória deles é uma alegria, uma festa”, ressaltou.

A fonoaudióloga da APAE de Palmas, Mariane Perez, que trabalha desde 2014 na associação e atende cerca de 22 alunos, disse que durante a pandemia poucos alunos compareceram, mas a APAE enviava vídeos de orientações para todos que faziam o tratamento.

“E um trabalho difícil de ser feito por vídeo com as crianças, houve uma defasagem na aprendizagem, muitos deixaram de evoluir no tratamento, alguns deles ficaram quase dois anos sem atendimento”, enfatizou.

Mariane é fonodióloga, segundo ela “o empenho é para melhorar a interação social das crianças, que abrange não só a fala mas também a alimentação”, explicou.

Segundo Mariane “sair para comer é uma das formas como interagimos e é importante que as pessoas com deficiências também tenham autonomia para se alimentar”.

O trabalho da fonodiologia vai além da comunicação oral, esclaeceu e admite que “muitos têm a ideia de que fono é só comunicação, mas não é só isso, tem a alimentação, mastigação, respiração”.

O problema de disfagia e deglutição, porque “as crianças engasgam muito, e a broncoaspiração pode evoluir para uma pneumonia e levar à morte”, explicou. 

O psicólogo Augusto Baratta disse que o trabalho com os alunos da APAE é diferente de uma escola tradicional, em razão de ser “baseado na preparação, e envolve atividades como postura, caminhar, afirmação, dizer sim ou não, o que gosta e o que não gosta”. Segundo ele, algumas crianças chegam na Associação de cadeira de rodas por não praticarem exercícios em casa, mas que depois de um tempo na APAE existe a possibilidade da criança caminhar e empurrar cadeiras devido aos trabalhos das  fisioterapeutas e professoras. 

“A gente trabalha com uma pedagogia diferenciada, a pedagogia do amor. Aqui eles vão muito pelo carinho, eles chegam e tem vontade de abraçar, passar a mão no cabelo da professora, sem maldade, com curiosidade. Uma vez eu deixei a porta aberta e quando cheguei eles estavam com meu jaleco, sentadinhos, dizendo que iam fazer psicologia”.

“A Associação é um lugar seguro para as crianças serem elas mesmas, passando daquela porta, aqui é a casa deles, a minha porta é aberta”.

Projeto leva leitura e alegria para APAE

O projeto “Bora Contar Histórias pela Cidade”, conduzido pelo grupo de contadores de histórias do curso de Teatro da UFT, “Binquí” se apresentou na APAE de Palmas no dia do livro infantil. O evento foi realizado em parceria com o Projeto INOVAJOR, do curso de Jornalismo da UFT.

Ana Castanho, uma das escritoras e contadoras de histórias do ‘Bin quí”, disse que a experiência na APAE sempre é positiva. “Os projetos trazem alegria para as crianças em situações de carência, principalmente”.

Ana escreveu um livro infantil que conta a história de uma menina autista.“A menina que descobriu a poesia” é um livro infantil sobre uma garota autista, o livro surgiu do desejo de atender com olhar mais amoroso os alunos que visitavam a biblioteca em que eu estava atuando”, explicou.

A escritora lembra que “as crianças que chegavam lá tinham uma sede de conhecer os livros, assim como as crianças especiais que visitavam a biblioteca. Eu comecei a perceber que não havia histórias infantis com personagens com o transtorno do espectro autista”.

Constatado este problema a artista virou escritora e hoje faz encenação das leituras em parceria com a artista Joelma Pinheiro, professora do ensino fundamental da APAE.

“É de muita importância estimular a criatividade nas crianças portadoras de transtornos ou outros problemas. “Eu sinto que estou fazendo a diferença, pois vai muito além do ensinar para provas”.

A APAE

Fundada em 1954 no Rio de Janeiro, a Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) começou como uma organização de pais que tinha filhos com deficiência intelectual.

Ao longo dos anos, a APAE expandiu-se para todo o Brasil e se tornou uma das principais organizações que trabalham na promoção da inclusão social de pessoas com deficiência intelectual e múltipla.

O Projeto “Bin quí” está com inscrições abertas para continuar fazendo a diferença na vida de tantas pessoas. Quem quiser participar da contação de histórias tem até o dia 30 de abril para se inscrever.

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