Entrevista por Maloiri Xerente
A pandemia da Covid-19 revelou como as moradias universitárias são importantes para alunos de baixa renda, quilombolas e indígenas que residem em áreas rurais. No momento em que o ensino se tornou remoto, a exigência da internet de qualidade, e dos equipamentos de apoio, computadores e smartphones, revelaram o valor das residências universitárias para a redução das desigualdades no ensino superior público do país.
Edição do podcast, Fenellon Milhomem
Em outubro de 2020 o Ministério da Educação (MEC) divulgou o Censo da Educação Superior de 2019, apontando as universidades brasileiras que dispõem de auxílio moradia, como política de permanência para os estudantes.
Os alunos da Universidade Federal do Tocantins (UFT) estão entre os beneficiados, a UFT é a primeira instituição brasileira a instituir a lei de cotas para os indígenas, uma iniciativa que motivou uma demanda de necessidades inerentes à permanência desses alunos no processo de formação universitária.
O representante estudantil das políticas institucionais da UFT, Rithyelly Alves Dias, do curso de Engenharia Civil da UFT, fala pelos estudantes indígenas e quilombolas da instituição. Para Ritchely o grande desafio no momento é dar melhores condições de permanência para que esses jovens provenientes de aldeias distantes, moradores de quilombos rurais possam melhorar as relações institucionais, o que implica em melhorar a qualidade de vida na instituição.
A representante das Ações Afirmativas da Universidade Federal do Tocantins, professora Solange Nascimento, reconhece que a permanência na universidade para os indígenas, quilombolas e alunos com vulnerabilidade econômica, é um dos maiores desafios das universidades públicas do Brasil. “As residências deveriam ser instaladas dentro dos campi, para o aluno estar mais perto do RU (Restaurante Universitário), biblioteca, por exemplo”.
As universidades públicas, de uma maneira geral, ignoram o monitoramento e a avaliação da assistência estudantil, principalmente as encontradas no contexto do Programa de Residência, o que implica nas péssimas condições e estruturas físicas de alguns desses alojamentos, como ocorre na residência da UFT.
A concretização de ações voltadas ao acesso e à permanência na universidade pública federal, de pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica é burocrática e exige uma documentação exaustiva que é muito difícil para os estudantes mais carentes, que tem o alojamento como única opção.
Outro problema encontrado e que também acarreta em mais desigualdades, é que pessoas que poderiam precisar das residências, para ter acesso ao ensino superior, ou para nele permanecer, não encontram vagas disponíveis, uma vez que as mesmas estão sendo ocupadas por discentes retidos.
Os alunos que não conseguem integralizar os créditos no tempo estipulado perdem o apoio financeiro e institucional, as bolsas de permanência e vários benefícios, isso tem ocorrido com frequência porque a maior parte dos estudantes que entram pelas cotas, a situação econômica dificulta a integralização dos créditos no prazo regimental.
Confira a lista de universidades que oferecem apoio moradia para pelo menos 1% de seus alunos:
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